"Caro é transformar-se num arremedo de si próprio a ponto de não se reconhecer mais"
Será que eu acabei me transformando mesmo em um arremedo do que um dia eu fui?
Quando eu me olho no espelho nem sempre gosto do que vejo, odeio principalmente quando estou chorando e vou lavar o rosto, inevitavelmente vejo uma figura desconfigurada na frente do espelho e me odeio todas as vezes por me ver assim. Claro que eu tenho lá meus motivos pra chorar, não é sempre, mas eu os tenho, porém por maior que possa ser a tristeza do momento e por mais justificável que seja, nunca deixo de odiar a figura que reflete bem na minha frente.
Eu sei que ainda sou doce, faço questão de ser doce com as pessoas que eu quero bem, com as pessoas que me tratam com gentileza e demonstram o quanto me querem bem, não sei ser grossa com gente assim. Eu ainda sou insegura e relutante quando preciso tomar uma decisão séria. Ainda gosto de sorvete de morango e de ficar olhando por janelas ou portas de vidro a chuva cair lá fora. Eu ainda gosto dos meus fones de ouvido baratos, ainda gosto de deitar na cama e ouvir a mesma música várias e várias e várias vezes. Gosto de olhar o céu, independente de como ele está porque eu adoro ele sem nenhuma nuvem, completamente nublado, cheio de estrelas, com nuvens que parecem desenhos, colorido no fim da tarde...
Eu ainda preciso comer algo salgado logo depois de comer doce e depois beber água. Ainda preciso do dinheiro dos meus pais e da presença e do amor deles. Eu ainda gosto de ser tratada com carinho, gosto de ser chamada por apelidos fofos, gosto de chamar por apelidos fofos, gosto de exclusividade, gosto de cafuné, gosto que toquem violão pra mim e digam que tal música faz lembrar de mim.
Eu gosto quando tudo vai bem, e fico completamente perdida quando algo sai dos trilhos. Eu ainda gosto das farras com amigas, ainda gosto da maioria das amizades que fiz no tempo de escola, ainda gosto de receber cartas. Sim, eu adoro cartas! Adoro tudo que é romance clichê, sempre choro com filmes de drama, sempre fico esperando que as pessoas descubram o que eu estou querendo, sem eu precisar dizer uma palavra. Odeio ter que me explicar, explicações me irritam demais, mas quando algo sai errado eu exijo que me expliquem o que aconteceu. Dá pra entender?
Eu só uso tênis All star, ainda prefiro um programa mais light que uma festinha animada, não suporto gente que reclama até do oxigênio que respira. Ainda gosto de roupas confortáveis e básicas. Não sou mais fotogênica como já fui um dia, isso é, se é que já fui fotogênica algum dia.
Eu sou tímida, mas sou tagarela quando a pessoa é boa ouvinte.
Eu sou sonsa, sou irônica, sou delicada, sou distraída e desastrada. Ainda não sei se sou mais uma boa pessoa que uma má pessoa.
Quase sempre levo desaforo pra casa, porque eu odeio brigar com as pessoas que são importantes pra mim e odeio mais ainda quando sabem disso e insistem no assunto.
Eu tenho medo de me sentir sozinha, desprotegida, esquecida. Mas eu curto meus momentos de solidão, os quais já percebi não durarem muito mais de uma semana.
Quase sempre me dou mal por ser sincera ou por falar a verdade, mesmo assim eu continuo sendo e falando.
Eu sempre digo que não vou ligar nem mandar mensagem, que não vou procurar nem vou me estressar, mas nunca dá certo, e eu fico frustrada quando minha iniciativa não gera algo agradável.
Odeio abrir mão, mas faço isso quando tenho segurança de que é o melhor a ser feito. Odeio quando simplesmente desistem de lutar, ou quando lutam por algo que visivelmente não vale a pena.
As vezes eu me pego pensando nas pessoas que eu conheci e que hoje não conheço mais. Fico imaginando como seria nossas vidas se continuássemos presentes na vida uma da outra. Fico com saudade da minha infância, dos desenhos, dos chocolates quente, das brincadeiras, de meu pai ser meu herói e principalmente da inocência.
Eu sinto saudade de tudo que vivi!
Ultimamente não me pego fazendo planos futuros. Não tenho um plano B pra se caso algo der errado. Eu não faço ideia de como vai estar minha vida daqui até o meio do ano e isso é um tanto assustador, mas a maioria dos planos que eu já fiz ao longo da minha vida nunca se concretizaram mesmo.
Escrevendo essas coisas sobre mim, eu me sinto completamente exposta, qualquer um pode juntar cada uma dessas palavras e formar a imagem que quiser de mim. Na maioria das vezes me interpretam errado. Mas hoje eu não vou me importar com isso. Acho que cheguei ao estágio de me importar pouco porque tudo que eu tinha pra perder eu já perdi.
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