7 de março de 2010

Outro da Liliane Prata

(...) "Bem, às vezes, nós estamos satisfeitos, é verdade. Por uns cinco minutos ou cinco anos. Mais dia, menos dia as dúvidas começam a surgir. Nosso sonho era namorar aquele cara, mas agora que estamos com ele, vemos como que ser solteira era até divertido, que a gente saía com as amigas, que ficava com os caras - meu Deus, como era legal ser solteira! Só que, quando a gente estava solteira, vivia se perguntando quando arranjaria um namorado. Ai, ai.
Quando eu era criança e via aquela propaganda, eu não sabia como alguém pode ficar na dúvida entre coisas tão diferentes - casar e comprar uma bicicleta. Mas o caso é que, quando estamos tomando uma decisão, não importa o que as opções tem em comum: o que importa é descobrir qual delas, afinal, nos satisfaz. Namoro ou fico solteira? Termino o namoro ou continuo? Quero fazer jornalismo ou química industrial? Faço faculdade ou viajo pelo mundo? Moro sozinha ou com meus pais? Tudo tão diferente, e tudo com o mesmo objetivo: satisfação.
É engraçado. Sabemos que somos eternos insatisfeitos, mas quando fazemos uma escolha, queremos que ela seja "a escolha". Talvez, se a gente parasse de pensar que existe uma opção certa para cada dúvida nossa, e que só escolhemos o que mais nos satisfaz num determinado período e que depois tudo pode e vai mudar, as coisas ficassem mais fáceis. A gente não daria tanto peso a cada decisão e não se angustiaria tanto: afinal, nada do que a gente decidir vai garantir satisfação eterna. NADA.
Ou estou sendo muito exagerada?" (...)


Liliane Prata para a revista Capricho. Página 90 edição nº 1091 - 28.fevereiro.2010

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